Março Azul-Marinho: conscientização, prevenção e os avanços no tratamento do câncer colorretal

O câncer colorretal tem se tornado um dos tipos de câncer mais frequentes no Brasil e no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o segundo tipo mais comum em mulheres e o terceiro em homens, com uma estimativa de 45 mil novos casos no Brasil apenas em 2024. Apesar da alta incidência, é também um dos mais preveníveis, e a conscientização sobre os fatores de risco e a importância do diagnóstico precoce pode salvar milhares de vidas.

A oncologista clínica do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP), Dra. Larissa Maria Macedo Lopes, destaca que diversos fatores aumentam o risco da doença, como hábitos alimentares inadequados, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool e histórico familiar. "Uma alimentação rica em carnes processadas e ultraprocessados, combinada ao baixo consumo de fibras, pode contribuir para o desenvolvimento do câncer colorretal. Além disso, o excesso de peso e a inatividade física favorecem a inflamação crônica no organismo, aumentando o risco de tumores intestinais", explica.

O câncer colorretal pode ser silencioso: a importância da prevenção

Muitas pessoas não apresentam sintomas nos estágios iniciais, o que torna o diagnóstico precoce essencial. "O câncer colorretal se desenvolve lentamente e, no início, pode ser assintomático. Quando os primeiros sinais aparecem – como alterações intestinais, sangramento nas fezes, dor abdominal persistente ou perda de peso inexplicável – a doença pode já estar em estágio avançado", alerta a Dra. Larissa.

A colonoscopia é o exame mais eficiente para detecção precoce, pois permite a identificação e remoção de pólipos antes que se tornem malignos. "Pessoas acima de 45 anos ou com histórico familiar devem realizar exames periódicos para garantir um diagnóstico precoce e aumentar as chances de cura", reforça a especialista.

Alimentação equilibrada como aliada na prevenção

Estudos mostram que dietas ricas em fibras, vegetais e frutas reduzem o risco de câncer colorretal, pois favorecem o trânsito intestinal e reduzem a exposição da mucosa a substâncias carcinogênicas. "Por outro lado, o consumo excessivo de carnes vermelhas, embutidos, alimentos ultraprocessados e ricos em gorduras saturadas aumenta o risco da doença", ressalta a Dra. Larissa.

A recomendação é manter uma alimentação equilibrada, rica em fibras, evitar o sedentarismo e adotar hábitos saudáveis para reduzir significativamente as chances de desenvolver a doença.

Avanços no tratamento: mais qualidade de vida para os pacientes

Nos últimos anos, a oncologia tem evoluído significativamente, oferecendo tratamentos mais eficazes e menos agressivos. "Hoje contamos com cirurgias minimamente invasivas, imunoterapia e terapias-alvo, que permitem tratamentos mais personalizados e com menos efeitos colaterais", afirma a Dra. Larissa.

A cirurgia robótica e a laparoscopia são técnicas que garantem recuperação mais rápida, menos dor e menor tempo de internação. Além disso, o uso de biomarcadores genéticos possibilita terapias mais direcionadas, aumentando as taxas de sucesso no tratamento.

Em alguns casos, a colostomia – procedimento em que é feita uma abertura no abdômen para a eliminação das fezes – pode ser necessária, especialmente para tumores no reto baixo. Apesar de ainda ser cercada por preconceitos, a colostomia é uma solução eficaz que permite que muitos pacientes tenham qualidade de vida após o tratamento.

O impacto da representatividade: quando falar sobre o câncer pode salvar vidas

A visibilidade do câncer colorretal na mídia tem desempenhado um papel fundamental na conscientização. Casos como o da cantora Preta Gil, que compartilhou publicamente seu diagnóstico e tratamento, ajudam a desmistificar a doença e incentivam a população a realizar exames preventivos. "Ver pessoas conhecidas falando sobre o câncer colorretal normaliza o tema e encoraja outros pacientes a enfrentarem o tratamento com mais confiança. Além disso, ajuda a combater tabus, como os que envolvem a colostomia", destaca a Dra. Larissa.

A exposição do tema na mídia tem um impacto direto no aumento da busca por exames preventivos. Quanto mais falamos sobre o câncer colorretal, mais vidas podem ser salvas.

Viver bem com a colostomia: quebrando mitos e garantindo qualidade de vida

Muitas pessoas ainda têm receios sobre a colostomia, mas é essencial entender que ela pode salvar vidas e permitir uma rotina ativa e saudável. "Hoje, existem bolsas coletoras discretas, seguras e adaptáveis, que permitem que os pacientes tenham uma vida normal, praticando esportes, trabalhando e mantendo sua autoestima", explica a Dra. Larissa.

Mitos comuns incluem a ideia de que a bolsa de colostomia tem mau cheiro constante ou que impede a prática de atividades físicas – o que não é verdade. "Com os devidos cuidados e orientações, o paciente pode retomar suas atividades sem grandes dificuldades", esclarece.

O câncer colorretal é altamente prevenível e, quando detectado precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%. Adotar hábitos saudáveis, realizar exames regulares e quebrar tabus sobre a doença são passos essenciais para reduzir sua incidência.

A campanha Março Azul-Marinho reforça a importância da conscientização e do diálogo sobre a doença. "O conhecimento é o primeiro passo para a prevenção. Precisamos incentivar as pessoas a falarem sobre o câncer colorretal sem medo e a procurarem orientação médica sempre que necessário", finaliza a Dra. Larissa.

 

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