De acordo com o assessor de Redação do Sistema Positivo de Ensino, Fábio Gusmão, "fugir do tema ou abordá-lo de forma superficial e parcial, deixando em segundo plano a discussão objetiva proposta, pode demonstrar que o estudante não entendeu ou não tem domínio sobre o assunto. Isso certamente vai afetar de forma negativa a nota final do candidato", explica. E o desafio é ainda maior porque os estudantes só têm acesso ao tema escolhido no momento da prova. Mesmo assim, é possível fazer apostas e se preparar com base em exames de anos anteriores, por exemplo.
"Normalmente a escolha passa por perspectivas políticas, sociais e culturais brasileiras ou globais. É importante, portanto, estar atento e bem informado sobre o que acontece em nossa sociedade e no mundo, considerando as polêmicas e problemas que ainda aguardam por uma solução", ressalta. O especialista lista alguns assuntos que, por sua relevância, são boas apostas para quem quer se preparar para a redação do exame este ano.
Erradicação da pobreza
A erradicação da pobreza corresponde ao primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) criados pela Organização das Nações Unidas (ONU). A meta é, até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e crianças que vivem na pobreza em todo o mundo. "A discussão em torno do assunto requer uma análise ampla e contextualizada, uma vez que existem cenários bastante distintos no âmbito global e no brasileiro", destaca Gusmão. No Brasil, um enorme contingente de pessoas já teve acesso a políticas de transferência de renda, por meio de programas como o Bolsa Família, por exemplo, que chegou a ser copiado por outros países.
Igualdade de gênero
Além de ser um dos grandes temas de debate na sociedade contemporânea, a igualdade entre os gêneros é um direito humano básico e uma das condições indispensáveis para a construção de uma sociedade justa e livre de distorções, lembra o especialista. "Lutar pela igualdade de gênero é uma questão de cidadania porque a desigualdade entre homens e mulheres traz impactos negativos para toda a sociedade. Uma maior participação das mulheres em cargos de liderança no mercado de trabalho e também na política está entre os aspectos que podem ser levantados dentro desse tema", defende.
Cidades e comunidades sustentáveis
O termo cidade sustentável vai muito além de um espaço urbano que se preocupa com coleta seletiva de lixo. Uma comunidade sustentável é aquela que oferece a seus moradores boas condições de vida, incluindo nesse pacote soluções inteligentes de mobilidade urbana, educação e serviços públicos de qualidade, tudo isso conciliando o desenvolvimento urbano com a proteção do meio ambiente. "Também prevista entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, essa é uma questão urgente porque precisamos, com rapidez, repensar o funcionamento dos centros urbanos, a fim de melhorar a vida das pessoas sem esgotar ou comprometer ainda mais nossos recursos naturais e condições ambientais", afirma.
Educação inclusiva
Promover uma educação para todos, a chamada educação inclusiva, é um tema que tem ganhado cada vez mais atenção e espaço a fim de promover e garantir a igualdade de oportunidades em respeito à diversidade humana. "O número de alunos com deficiência, altas habilidades, superdotação ou que estão dentro do espectro autista aumentou consideravelmente no Brasil. O cenário exige que governo, escolas e toda a comunidade trabalhem em prol de uma educação que realmente acolha todos os alunos, sem exceção, oferecendo suporte distinto e personalizado para aqueles que necessitam", completa.
Racismo estrutural
Mesmo com a lei garantindo igualdade entre as pessoas, o racismo ainda encontra-se enraizado na sociedade. O termo “racismo estrutural” é usado para defender a ideia de que as sociedades ainda estão estruturadas a partir de comportamentos discriminatórios que privilegiam uns em detrimento de outros. Dois pontos que podem ser usados nesse tema são a desigualdade salarial entre pretos e brancos no Brasil e a violência policial, que mata mais pessoas pretas que pessoas brancas.
Segurança nas escolas
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz, 2023 já é o ano com mais registros de ataques a escolas da história do país. O mapeamento revelou que os massacres aumentaram em número e letalidade. "A gravidade do cenário mostra que é necessário envolver na discussão todas as partes, preparando educadores e familiares para identificar precocemente possíveis sinais e comportamentos de risco a fim de agir com eficácia na prevenção dessas ocorrências", finaliza Gusmão.
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