Lavar as mãos ainda é uma das formas mais simples e eficazes de evitar contaminações


O Brasil tem aproximadamente 7.200 hospitais públicos e privados, mais de 44 mil unidades básicas de saúde e mais de 291 mil clínicas que exercem atividades ambulatoriais espalhadas em todo território nacional. Para evitar riscos de contaminações, os cuidados com a higienização devem ser rígidos em todos os locais e a recomendação vale tanto aos profissionais de saúde, quanto a pacientes e visitantes.

Nos hospitais – que recebem grande fluxo diário de enfermos - os cuidados devem ser ainda maiores. Nesses locais, a infecção pode ser adquirida após a admissão do paciente e pode se manifestar durante a internação ou após a alta.

De tão importante, a discussão é recorrente e tem até meses para isso: em maio – quando se discute o controle das infecções hospitalares -, e em julho, quando se debate o universo hospitalar e todos os seus processos.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, o impacto das infecções associadas à atenção à saúde e da resistência antimicrobiana na vida das pessoas é incalculável. Mais de 24% dos pacientes afetados por sepse associada à atenção à saúde e 52,3% dos pacientes tratados em uma unidade de terapia intensiva morrem a cada ano.

Prevenção
“A forma mais simples e efetiva de evitar a transmissão de infecções em ambiente hospitalar é fazer a limpeza de mãos. Pode ser por meio de higienização com água e sabão ou por meio de fricção com álcool 70%”, explica a biomédica Aline Cristiane Cechinel Assing Batista, microbiologista e membro do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6).
Já as infecções relacionadas à assistência à saúde mais comuns são a “pneumonia associada à ventilação mecânica, infecção do trato urinário relacionada à cateter vesical de demora, infecção de sítio cirúrgico e infecção primária de corrente sanguínea relacionada à cateter venoso central”, complementa.

Cuidados na visita hospitalar
O visitante deve sempre higienizar as mãos na chegada ao hospital, antes e após tocar o paciente ou superfícies próximas ao seu redor e também ao sair do local. Para que a higienização das mãos possa ser mais efetiva, é importante que os adornos como anéis, pulseiras e relógios sejam retirados.

A manutenção das unhas curtas e limpas é fundamental. Também não é recomendado que o visitante leve alimentos para o paciente sem a autorização e conhecimento prévio do médico ou da nutricionista, sob o risco de prejudicar o tratamento de saúde.

Outra recomendação importante é evitar levar flores ou plantas para o quarto do paciente. Apesar de esse gesto ser entendido como representativo de cuidado e carinho, ele pode trazer a presença de esporos fúngicos que, se inalados pelos pacientes imunossuprimidos, podem causar uma doença pulmonar grave, com risco inclusive de óbito.

Bactérias multirresistentes
A correta higienização das mãos também ajuda no controle das chamadas bactérias multirresistentes, que são tipos de microrganismos que possuem a capacidade de resistir aos efeitos de um antibiótico e são facilmente transmissíveis de uma pessoa para a outra.

A resistência aos fármacos pode ser adquirida via transformação, conjugação, transdução, mutação e seleção natural, mas a principal medida para reduzir a disseminação de patógenos no ambiente hospitalar é a correta higienização das mãos.

Quando um paciente adquire uma infecção por uma bactéria multirresistente, as opções terapêuticas para o seu tratamento são menores e a chance de adequada recuperação fica prejudicada. O risco é maior em pacientes transplantados, que fizeram pós-operatório de cirurgias abdominais e torácicas de grande porte, imunodeprimidos, que fazem hemodiálise ou diálise peritoneal, internados ou não, que estão gravemente enfermos, com tempo de hospitalização superior a 7 dias, com dispositivos invasivos e com feridas.

“Essas bactérias multirresistentes são transmitidas entre as pessoas principalmente pelas mãos e por materiais contaminados. Ao mesmo tempo, as pessoas nunca devem fazer uso de medicamentos por conta própria e sim procurar orientação de um médico. O uso errado – além de não curar a doença – pode levar à maior resistência do patógeno”, destaca Aline, que é doutoranda na área de saúde.

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